DOS CRONISTAS DE 1500 AOS LOUCOS MODERNISTAS

AUTORAS:Jéssica Salomão, Lorena Cézar e Kátia.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

DEZ PASSOS PARA SE PREPARAR PARA O ENEM

1) Ler, ler e ler. O estudante melhor preparado é aquele mais curioso e que busca incessantemente conhecimento por meio da leitura. A ideia é adquirir repertório. Imagine uma árvore. Quanto maior seu tamanho, maior será sua sombra, maior sua presença no mundo, mais pássaros e outros seres vivos será capaz de acolher. O mesmo pode ser dito em relação a uma pessoa e o que ela sabe.

Quanto mais vasto seu conhecimento e mais profundo, maior ela se torna. Interpretar textos é o coração do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). É preciso saber que há diversos tipos de textos.

Estudar os gêneros textuais é o primeiro passo para compreendê-los melhor.

Jornais, revistas, a Internet, os livros e observar o mundo são os maiores aliados nessa jornada.

2) Pratique a argumentação. Em outras palavras, para que dominar os recursos linguísticos? Para se expressar melhor, se fazer entender melhor e comunicar o que pensa. Promova rodas de discussões com amigos. Você começará a perceber a eficácia de cada argumento. Divida o grupo entre os que são contra e os que são a favor de uma questão. Tente se aprofundar e descobrir a complexidade de alguns temas. Ao final, coloque no papel o tema, seu posicionamento em relação a ele, o principal argumento, tire sua conclusão e faça uma proposta concreta para promover mudanças. Isso o ajudará a fazer uma redação nota 10 no Enem e em qualquer vestibular.

3) Preservar a vida e garantir as condições para sua plenitude são o desafio permanente das gerações. O futuro é a obra de nossas mãos. Todos os temas ligados a essa questão são urgentes e, portanto, o Enem se ocupará deles.

Certamente algumas questões abordarão meio ambiente (florestas, recursos hídricos, energia, aquecimento global, catástrofes naturais etc.), desenvolvimento econômico, consumo consciente, segurança alimentar, justiça social, inclusão, formas de violência, diversidade e assim por diante. A redação também poderá pedir algo por aí.

4) Esqueça a abordagem tradicional de língua portuguesa e gramática. Não que ela não seja importante, mas o mais instigante é a língua viva, capturada em seu pleno uso. Estude variações linguísticas, funções da linguagem, expressões idiomáticas, figuras de linguagem, coesão e conectivos.
5) A cultura brasileira é um grande manancial para as questões do Enem.

Conhecer mais da nossa história e das nossas expressões artísticas, incluindo patrimônios materiais e imateriais vai, não apenas ajudá-lo, mas também enriquecê-lo.

Isso inclui literatura, música, teatro, dança, cinema, artes visuais... Todo mundo devia conhecer melhor seu país, você não acha?

6) A cultura digital ou influências da tecnologia na sociedade e a cultura urbana e suas manifestação são os fatos mais relevantes no cenário cultural contemporâneo, especialmente o encontro entre as duas, com a mobilidade. Fique de olho nessas imbricações.

7) Intertextualidade e metalinguagem são campos obrigatórios. Dê uma investigada!

8) Haja o que houver, faça todas as propostas de redação pedidas. Pratique! Não há outro jeito de aprender a escrever. Você erra, alguém corrige, você aprende. Certo? Vá de peito aberto e arregace as mangas.

9) Na parte de literatura, o Enem sempre adorou questões relativas ao Modernismo. Estude os principais autores desse período. Além disso, aprenda a ler poesia. É um grande desafio. Ela foge totalmente da linguagem cotidiana e faz usos extremamente sofisticados dos recursos linguísticos. Muita gente acredita que um poema é capaz de expressar o que nenhuma outra forma textual consegue. Deixe-se levar pelos sentidos inusitados criados pelos poetas.

10) Esqueça as caixinhas. O Enem é uma prova interdisciplinar. Este ano ainda mais disputado, o nível vai subir. Os conhecimentos exigidos serão basicamente os mesmos, mas haverá questões com nível de dificuldade maior.

Seguindo esses passos, a possibilidade de baixo rendimento é baixíssima!

Gostou do trocadilho?
*Josias Silva é graduado em Letras pela USP e mestre em Neuro linguística pela mesma Instituição. É consultor acadêmico e professor universitário

Extraído: http://www.educacaoadventista.org.br/ensino-medio/vestibulando/937/rumo-ao-enem-2011.html
Acesso em 03/10/2011

Para não esquecer na redação

| Por Rosicler Pereira Marcolino*
 
A prova de redação no vestibular é o momento em que o vestibulando mostrará que, ao longo do Ensino Fundamental e Médio, desenvolveu capacidade leitora mediante a apresentação de ideias concantenadas, relacionadas à capacidade de refletir numa estrutura de pensamento num texto adequado a determinado contexto de comunicação. Sendo assim, a redação é a materialização desse processo. Lembre-se de que para ter idéias é preciso ter experiência e adquirir experiência é observar. Quanto mais observamos, maior o nosso acervo de idéias.

A dissertação é a modalidade textual mais pedida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares. Criatividade, clareza, concisão, adequação vocabular, coesão e coerência textuais e uso correto das estratégias argumentativas que explicitem a capacidade do aluno de pensar criticamente, de posicionar-se diante dos acontecimentos são alguns dos quesitos indispensáveis para se argumentar com precisão. Para garantir que todos esses critérios serão respeitados, é importante tomar algumas precauções, entre elas:

• Deixe claro logo no primeiro parágrafo qual é tema, ou problema a respeito do qual você irá escrever;
• Evite informações desnessesárias e apresentadas de forma desordenada;
• Evite lacunas, as quais ocorrem quando há ausência de partes necessárias à configuração do texto como um todo (a conclusão, por exemplo);
• Não repita palavras, pois indica pobreza vocabular;
• A menos que a modalidade exija do emissor que assuma atitudes pessoais, é inoperante usar expressões que indiquem seus sentimentos;
• Seja claro! Texto claro é o que se entende facilmente na primeira leitura.
Finalizando, é bom ter em mente que dedicação, disciplina e confiança são uns dos maiores segredos do seu sucesso.

Sucesso!

Extraído:http://www.educacaoadventista.org.br/ensino-medio/vestibulando/604/para-nao-esquecer-na-redacao.html
Acesso: 03/10/2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ATENÇÃO!

Meninas e meninos, fiquem atentos ao prazo da próxima tarefa - Sarau ESTUDANTE. Vou estar conectada para ver as postagens de vocês.
Aguardo as produções de vocês.
Bjo
Hévila

domingo, 24 de julho de 2011

MODERNISMO NO BRASIL 1ª FASE

ALUNOS DO 3º C E 3º D

Aqui vocês podem encontrar informações sobre os temas estudados.
Já postei alguns textos e estarei postando também vídeos. Aproveitem bem o nosso espaço virtual de aprendizagem.
Aguardo a visita de vocês.
Hévila

AOS ALUNOS DO 2º D E DO 2º E

Meninos, postei um vídeo falando sobre Realismo e Naturalismo em Portugal. Creio que facilitará o estudo de vocês.
Espero que cada um faça uma visita ao nosso espaço virtual de aprendizagem.
Hévila

VÍDEO SOBRE REALISMO EM PORTUGAL

terça-feira, 19 de julho de 2011

REDAÇÃO - 2º D e E - O TEXTO ARGUMENTATIVO

A ARGUMENTAÇÃO
Vimos na unidade anterior que uma dissertação se divide em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
A argumentação é a âncora do desenvolvimento.
Argumento é a defesa de uma ideia. "Convencer ou persuadir através do arranjo dos diversos recursos oferecidos pela língua é, numa formulação muito simples, a marca fundamental do texto dissertativo/argumentativo", afirma o professor Adilson Citelli.

Tipos de argumentos:

a) argumento por citação;
b) argumento por comprovação;
c) argumento por raciocínio lógico.

CAMPEDELLI, Samira Youssef. Português: literatura, produção de  textos e gramática. São Paulo. Editora Saraiva. 2001

3ºano - MODERNISMO NO BRASIL

CONTEXTO HISTÓRICO
lOs loucos anos 20 - Mulher
lAs mulheres dos EUA conquistam o direito ao voto.
lA mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos.
lA década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com cortes retos, capas, blazers, colares compridos, boinas cabelos curtos.
lLivre dos espartilhos, usados até o final do século 19, a mulher tinha mais liberdade e já se permitia mostrar as pernas, colo e usar maquiagem.
lOs loucos anos 20: tecnologia
l Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das fábricas, do rádio e do início do cinema falado, que criaram, principalmente nos Estados Unidos, um clima de prosperidade sem precendentes, constituindo um dos pilares do chamado “American way of life" (o estilo de vida americano).
lInvenção da Insulina e da Penicilina.
lTérmino da euforia dos Loucos anos 20
lMarca o término dos chamados “Loucos anos 20” a Crise de 29, nos EUA.
lOs efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro.
lO que foi a SAM
lSemana de Arte Moderna foi um evento ocorrido em São Paulo no ano de 1922 no período entre 11 e 18 de fevereiro no Teatro Municipal da cidade.
lOcorreram apresentações de poesia, música e palestras sobre a modernidade.
 
 


PARA O 3º ANO

MODERNISMO NO BRASIL

O modernismo foi um movimento literário e artístico do início do séc. XX, cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação constante e, principalmente, a independência cultural do país. Apesar da força do movimento literário modernista a base deste movimento se encontra nas artes plásticas, com destaque para a pintura.
No Brasil, este movimento possui como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, na cidade de São Paulo, devido ao Centenário da Independência.
No entanto, devemos lembrar que o modernismo já se mostrava presente muito antes do movimento de 1922. As primeiras mudanças na cultura brasileira que tenderam para o modernismo datam de 1913 com as obras do pintor Lasar Segall; e no ano de 1917, a pintora Anita Malfatti , recém-chegada da Europa, provoca uma renovação artística com a exposição de seus quadros. A este período chamamos de Pré-Modernismo (1902-1922), no qual se destacam literariamente, Lima Barreto, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos; nesse período ainda podemos notar certa influência de movimentos anteriores como realismo/naturalismo, parnasianismo e simbolismo.
Extraído: http://www.infoescola.com/literatura/modernismo/

ORIGEM DO REALISMO

O SIGNIFICADO DO TERMO REALISMO
         “Termo empregado em diversos sentidos na história e na crítica das artes. Numa acepção mais ampla a palavra tem um significado tão vago quanto o termo naturalismo, implicando uma intenção de representar as coisas de modo preciso e objetivo. Freqüentemente, porém, o vocábulo vincula-se a um repúdio pela idealização e pela emoção de temas convencionalmente belos em favor de uma abordagem mais terra-a-terra, muitas vezes enfantizando temas ligados á vida ou às atividades do homem comum. Num sentido mais específico, o termo designa um movimento de arte (sobretudo francesa) do século XIX caracterizado por uma revolta contra os temas históricos, mitológicos e religiosos tradicionais em prol de cenas não idealizadas da vida moderna. O líder do movimento realista foi Coubert, que afirmou: “pintura é essencialmente uma arte concreta e deve aplicar-se aos objetos reais e existentes”.”
(CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de arte.)

BASES FILOSÓFICAS DO REALISMO

1.   POSITIVISMO
Testemunho de fé no valor das Ciências, que emanam do experimentalismo, da observação e da constatação: a Astronomia, Física, Química, Fisiologia e a Sociologia.
O francês Augusto Comte propunha uma sistematização do conhecimento humano em forma de pirâmide, cujo vértice fosse ocupado pela Sociologia, constituindo uma nova ciência, propondo reformas sociais. Interessava-lhe os fatos concretos, “positivos”, suscetíveis de análise e experimentação, importando-lhe o COMO e não o porquê. LEMA: “o amor por princípio, a ordem por base, o progresso por meta”.
Obra principal: “Curso de Filosofia Positiva”.
      FINALIDADE: obedecer à preocupação máxima da objetividade e da razão, defendidas como válidas para as análises sociais, quando feitas com o verdadeiro espírito científico = CIENTIFICISMO.
EX: “saber para prever, a fim de prover”.
2.   EVOLUCIONISMO
Tem sua gênese na obra Origem das Espécies (1859) do naturalista inglês, Charles Darwin (1809 – 1882), que retomou a teoria na evolução das espécies, de Lamarck e, apoiando-se em experimento de seleção artificial da cultura de planetas e de criação de animais elaborou a teoria da seleção natural. Defende que a concorrência entre as espécies eliminaria os organismos mais fracos, permitindo a espécie evoluir, graças as heranças genéticas favoráveis dos indivíduos. Cientificamente Darwin demonstrou que os seres humanos e os macacos tem um antepassado comum, questionando a criação do mundo baseada no Gênese bíblico. Coloca em discussão a existência de Deus.
Ex.: girafa – vantagens num ambiente particular.
3.   DETERMINISMO
Todo acontecimento é uma conseqüência necessária de um fato ou uma série de fatos anteriores.
Hippólito Taine filósofo e historiador francês, autor da Teoria Determinista, se tornou “O verdadeiro filósofo do Realismo / Naturalismo
O mundo explicado pelo Determinismo é o mundo da NECESSIDADE; das decisões da vontade, não havendo, portanto, liberdade humana.
Taine deu a fórmula do positivismo em matéria literária, prevendo a dependência da psicologia à fisiologia, afirmava que o comportamento humano era condicionado pelas influências de raça, meio-ambiente e o contexto histórico. Sua principal obra “A Origem das Espécies”- 1859.
4.   SOCIALISMO (Materialismo - 1848)
Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Hengels (1820 – 1895) economistas e filósofos alemães, publicaram “O Manifesto Comunista”, destinado sobretudo à classe operária, pretendendo despertar a consciência de classe, analisando a burguesia e o capitalismo. Pregava uma revolução internacional, que derrubasse a burguesia e o sistema capitalista, com a implantação do comunismo. A pedra fundamental do Marxismo está na idéia de socialização dos meios de produção. Em “O capital”, obra de Marx. Estão os principais conceitos Marxismo.

Referência:
1-   NICOLA, José de. Português para o ensino médio: língua, literatura e redação. Volume único. Ernani Terra & José de Nicola, Floriana Toscano Cavallete.
2 -TUFANO, Douglas. Estudos de língua e literatura. Vol. 2.

III UNIDADE REDAÇÃO

Programa da III unidade
Disciplina - Redação e Expressão
Série/Turmas: 2ª D e E

1 - Interpretação de textos argumentativos.
2 - A argumentação: defendendo pontos de vista.
2.1 - Tipos de argumento
2.2 - A persuasão e a estrutura do te4xto persuasivo
2.3 - Objetividade e subjetividade na argumentação.

3 - Produção de textos argumentativos.

III UNIDADE

A III unidade já começou. Vejam o programa das disciplinas Literatura e Redação.

LITERATURA - 3ª série C e D


1.     Modernismo no Brasil

1.1  – As Gerações:

1.6.1– Geração de 22

1.6.2- Geração de 30

1.6.3- Geração de 45

2       - Subordinação entre as orações: Orações adjetivas e adverbiais.
3 - Reforma Ortográfica


2ª série  D e E


1-     Realismo

1.1          – Bases filosóficas

1.2          – Características

1.3          – Valores

1.4          Realismo em Portugal

1.5          Contextualização histórica

1.6          Autores e obras

1.7          Naturalismo

1.8          Realismo X Naturalismo

2        Morfossintaxe: Período Simples.
Dificuldades ortográficas

quarta-feira, 6 de julho de 2011



A SEMANA DE PROVA ESTÁ CHEGANDO. ESTUDEM!

As provas estão chegando. Estudem! O sucesso depende de seu empenho e de sua dedicação.
Hévila

TÉRMINO DA SEGUNDA UNIDADE

Estamos finalizando a II unidade. Vocês terão ainda nessas semanas a avaliação conceitual. Estudem! O sucesso depende de seu empenho e de sua dedicação.
Boa prova!
Bjos
Hévila

AVALIAÇÃO II UNIDADE

LITERATURA
2º D/E
12/07 PROVA CONCEITUAL
ROMANTISMO NO BRASIL
3º C/D
13/07 - PROVA CONCEITUAL
MODERNISMO NO BRASIL
ANTECEDENTES DA SEMANA
A SEMANA DE ARTE MODERNA
A REPERCUSSÃO DA SEMANA
REDAÇÃO - 2º D/E
08/07 PROVA
O TEXTO DISSERTATIVO

quarta-feira, 8 de junho de 2011

ALUNOS 2º D e E

Caros alunos, postei a análise de Noite na Taverna para que vocês possam compreender melhor a obra lida.
Espero que vocês usem este espaço como mais uma fonte de pesquisa e estudo.
Desejo sucesso na prova.
Hévila

ESTRUTURA DA NARRATIVA NOITE NA TAVERNA


No final da peça Macário, Álvares de Azevedo apresenta a personagem título aproximando-se de uma janela e observando, dentro de uma taverna, vários jovens conversando. Assim, na verdade, inicia-se o livro A Noite na Taverna. Seu começo é encadeado à peça, mas não se trata de um texto dramatúrgico. É um livro de narrativas curta em prosa, e não teatro. A obra é estruturada em abismo. Cada capítulo é uma história contada dentro de outra história. São, portanto, contos ligados através da estrutura conhecida como moldura narrativa - uma narrativa geral une todas as outras. Tal recurso, conhecido também como contos enquadrados, remete às mais antigas coletâneas de contos da literatura universal, como As Mil e Uma Noites, o Decameron, de Bocaccio e os Contos de Canterbury, de Chaucer.
Em Noite na Taverna, cada conto tem um narrador diferente. Cada um dos homens conta a sua história medonha, afirmando que “não é um conto, é uma lembrança do passado”. Afirmações como essa são típicas do Romantismo. Procuram, assim, estabelecer a veracidade de textos bastante inverossímeis, histórias fantásticas, impossíveis de acontecer na realidade. Os homens reunidos na taverna procuram impressionar seus ouvintes, acrescentando detalhes cada vez mais imaginativos, macabros e chocantes a seus relatos amorosos, ditos pessoais e verídicos. Antônio Cândido explica que, em Álvares de Azevedo, “elementos macabros estariam compondo com estes, de maneira peculiar, o par romântico Amor e Morte.”
A obra está dividida em dois planos: uma narrativa externa, que apresenta os rapazes já bêbados na taverna e prestes a contar cada um sua história, e as várias narrativas internas ou aventuras apresentadas - os contos são nomeados segundo o nome daquele que os narra e também protagoniza - Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann e Johann, diferenciando-se desse esquema a introdução e a finalização, chamadas respectivamente Uma Noite do Século e Último Beijo de Amor.

Temática da obra
Os contos giram em torno dos temas do amor e da morte, que são relacionados pela presença de momentos de necrofilia, incesto, assassinatos, canibalismo, loucuras várias. Assim, o amor está sempre na fronteira com a morte e a sexualidade se reveste de culpas e punições. O tema não envereda, de fato, pela senda do sobrenatural, mas sim pelo extravagante e hiperbólico. Necrofilia, catalepsia, amor obsessivo, infanticídio, assassinato do esposo, ingratidão, aborto, adultério, sonambulismo, suicídio, emprego de narcótico como recurso amoroso, incesto e fratricídio são as matérias primas para as histórias contadas pelos personagens. E tudo isso, precedido por um vivo debate filosófico.
Capítulo 1- A temática desenvolvida aqui é a oposição entre a imortalidade/mortalidade da alma, a afirmação do prazer versus a negação do prazer, a existência de Deus versus a inexistência de Deus. Daí o autor colecionar uma série muito grande de citações filosóficas, que remtem para um ou outro dos temas, deixando o leitor suspenso entre dois termos.
Capítulo 2 - O tema é a necrofilia, a morte, a catalepsia e o amor obsessivo.
Capítulo 3 - O amor obsessivo, o adultério, o ciúme, o assassinato do marido, a miséria de uma vida desregrada e o amor exclusivamente carnal que logo finda constituem-se na temática deste capítulo.
Capítulo 4 - A temática é o desencontro, a ingratidão, o aborto, o adultério, o sonambulismo, o a amor obsessivo, o suicídio e o arrependimento.
Capítulo 5 - Traz uma simetria interessante entre a conduta do personagem Claudius Hermann e a do Duque Maffio. temática deste capítulo é o amor obsessivo e a perversão sexual.
Capítulo 6 - Os temas são o incesto e o fratricídio.
Capítulo 7 - A temática do último capítulo é a vingança do destino, a fatalidade da ignorância e o suicídio.
Ao longo de Noite na Taverna são introduzidos, na literatura brasileira, temas relacionados ao fantástico e ao macabro. No todo, predomina a intenção de fugir da realidade na bebida e na fantasia. Os personagens estão saturados de extrema melancolia e pessimismo, características dominantes do Ultra-Romantismo, no qual os autores se preocupavam em descrever paisagens sombrias e acontecimentos misteriosos.

Recursos de Expressão
Ao longo de Noite na Taverna, Álvares de Azevedo emprega diversos recursos expressivos. Entre eles, destacam-se os diálogos intertextuais. O autor dialoga com autores e textos vários, os quais demonstra conhecer profundamente.
Na primeira parte da obra, o autor faz referências às canções de Tieck, à filosofia de Fichte, Shelling, Epicuro, Hume, Spinoza e de Schiller. Refere-se à poesia épica de Homero: “(...)aí, há folhas inspiradas pela natureza ardente daquela terra como nem Homero as sonhou (...)”. E à literatura de Hoffmann: “(...) uma história sanguinolenta, um daqueles contos fantásticos - como Hoffmann (...)”.
A parte 3 também é recheada de diálogos entre o autor e outros autores e/ou obras, tais como o Otelo, de Shakespeare, a novela Dom Juan, Dante, Byron, o Fausto, de Goethe, o Hamlet, de Shakespeare e o poeta português Bocage. O próprio nome do livro, a ação dos personagens dialogando em uma taverna, pode ser uma referência direta à vida e obra do poeta português. Álvares de Azevedo interage com a Bíblia:
(...) como Satã quarenta séculos depois fez a Cristo e disse-lhe: Vê, tudo isso é belo - vales, montanhas, águas do mar que espumam, folhas das florestas que tremem e sussurram como as asas dos meus anjos - tudo isso é teu...”
A parte 6 parece toda inspirada na tragédia Édipo Rei. Sem ter conhecimento, Édipo mata o pai e se casa com a mãe; por ignorância, Johann torna-se amante da irmã e mata o irmão. Quando toma conhecimento do infortúnio, Édipo vaza os próprios olhos, o que de certa maneira, faz Johann ao transformar-se em um ébrio para esquecer seu destino. Por fim, ambos sofrem por não darem atenção à lição do oráculo de Delfos: conhece-te a ti mesmo.

Protagonistas
O protagonistas ou personagens principais de Noite na Taverna são, basicamente, os jovens Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann, Johann e Artur que se encontram reunidos na taverna. Além deles, Geórgia, que reaparecendo já no final do livro, acrescenta uma nota de plausibilidade às histórias narradas. Todos os protagonistas são do tipo anti-herói, pois que, mesmo em posição de herói pelas coisas que contam, mostram-se iguais ou inferiores aos outros componentes do grupo. Ou são vítimas da adversidade ou são presa de seus próprios defeitos de caráter.

Personagens Secundários
Os personagens secundários vão sendo introduzidos no enredo através das narrativas dos convivas, com exceção da taverneira, do velho que interrompe Bertram e de Geórgia, que participam da ação na taverna. Assim, temos a moça do cemitério, o guarda, o ébrio, o ébrio, os companheiros, o escultor. Ângela, o pai de Bertram, o esposo de Ângela, o filho de Ângela, o velho nobre, a filha do nobre, o pirata Siegfried, o homem que tenta salvá-lo e é morto, a amante do velho que interrompe a narrativa, o dono do cérebro que preencheu a caveira exibida pelo velho, o capitão da corveta, a esposa do capitão, os marinheiros, os piratas do barco que ataca a corveta. Godofredo Walsh, Laura, Nauza, a velha da cabana, os camponeses. Eleonora, o criado venal, o Duque Maffio, a dona da estalagem, os amigos no bilhar, a mãe de Artur, G. (irmã), o desconhecido (irmão).
A falta de indicação de nome e caracterização dos personagens secundários confere aos personagens principais um individualismo acentuado. É como se eles não tivesses suas próprias vidas, existindo apenas em função dos narradores.Pode-se perceber que, quase sempre, os personagens secundários são planos, pois que caracterizados, no máximo, com um pequeno número de atributos.Comumente, são personagens plano tipo, isto é, personagens reconhecidos apenas por determinado acento invariável, como por exemplo, o guarda, o escultor, etc.

Caracterização dos Personagens
SOLFIERI - Um jovem boêmio, alcoólatra, persistente, pois que faz de tudo para alcançar o amor da mulher.
A MULHER AMADA POR SOLFIERI - Era como um anjo para ele, uma pessoa que sofria de catalepsia e depressão.
BERTRAM - Ruivo, de pele branca e olhos verdes. Alcoólatra e boêmio. Influenciado pela amada, muda seu jeito de ser, transformando-se em um ser obscuro e viciado, provocando a própria decadência.
ÂNGELA - Morena andaluza, calma e pura na visão de Bertram. No decorrer da história, mostra seu lado agressivo e malévolo.
A MULHER DO COMANDANTE - Branca, melancólica, triste e carente. Era pura, mas no desenvolvimento da trama, mostra seu lado infiel.
O COMANDANTE - Um homem bonito, com rosto rosado, de cabelos crespos e loiros, valente e brutal, mas um bom marido.
GENNARO - Um pintor bonito quando jovem, puro, pensativo e melancólico. Cínico e despreocupado acerca dos sentimentos alheios. Devotado à Nauza.
LAURA - Filha de Godofredo do primeiro casamento. Pálida, de cabelos castanhos e olhos azuis. Amava Gennaro, de uma forma pura e sem malícia.
GODOFREDO WALSH - Professor de pintura de Gennaro. Era robusto, alto e forte. Agia por impulso, vingativo.
NAUZA - Jovem e bonita, era a mulher de Godofredo. Carente, encontrava carinho nos braços de Gennaro.
CLAUDIUS HERMANN - Muito rico, não se importava com a desonra nem com o adultério. Só pensava na amada Eleonora.
A DUQUESA ELEONORA - Bela, pura e vaidosa. Pele alva e cabelos negros. Amava o marido, mas resolve fugir com Claudius porque não queria ser acusada de adultério pela sociedade que tanto prezava.
O DUQUE MAFFIO - Marido de Eleonora. Amava-a tanto que foi levado ao assassinato e ao suicídio.
JOHANN - Jovem boêmio, obsessivo, curioso e nervoso. Desonra a própria irmã e mata o irmão sem o saber.
ARTUR OU ARNOLD - Loiro, de feições delicadas, possuía o rosto oval e faces avermelhadas. Amava muito Geórgia.
GEÓRGIA - Irmã de Johann. Pura, inocente e apaixonada. No decorrer da história, entrega-se para o irmão, pensando que ele era o amado. Volta, no final, para vingar-se.
O IRMÃO DE JOHANN - Protetor, tenta matar o homem que desonrou a irmã.

Tempo
O texto apresenta basicamente, três tempos:
1) A conversa entre os convivas, na taverna, ocorre no presente, tempo que predomina nos capítulos 1 e 7;
2) As histórias contadas pelos rapazes situam-se no passado, que predomina nos capítulos 2, 3, 4, 5 e 6, se bem que no início, durante e no fim de cada narrativa, os personagens retornam rapidamente para a taverna. A interação dos tempos (presente, passado e presente do passado) produz no leitor a impressão de estar se movendo em um mundo estranho, mágico, no qual acaba sendo introduzido, ao sabor da narrativa;
3) Os diálogos existentes em todas as narrativas conferem atualidade às histórias narradas pelos personagens principais.
A única referência histórica que dá uma vaga noção de localização cronológica do encontro na taverna está presente no relato do velho que interrompe a narrativa de Bertram: (...) e banhei minha fronte juvenil nos últimos raios de sol da águia de Waterloo - Apertei ao fogo da batalha a mão do homem do século. Assim, o velho seria jovem em 18 de junho de 1815, quando Napoleão enfrentava o Duque de Wellington, em Waterloo. Em razão desta referência, pode-se situar o encontro fictício na taverna mais ou menor na época em que o texto foi escrito.
No livro de Álvares de Azevedo, nada há de seguro ou definitivo em relação ao tempo. Datas, épocas ou duração dos fatos são apenas superficialmente sugeridos. Foi escrito tanto em tempo cronológico quanto em tempo psicológico. O tempo que decorre dentro da taverna é real: (...)Cala-te,Johann! Enquanto as mulheres dormem(...) Ocorre o que chamamos de flash back. A partir do momento em que os jovens começam a contar suas histórias, eles mergulham nas lembranças do passado e o tempo passa a ser psicológico: Era em Roma. Uma noite a lua ia bela como vai ela no verão(...) No decorrer do enredo, há uma alternância entre passado, presente e futuro, tempo real e tempo psicológico. Quando um personagem faz sua narrativa, retorna, uma vez ou outra, ao ambiente da taverna, não permanecendo sempre no tempo psicológico.

Espaço
Espaço é o local onde se passa a ação. É ele que dá conta do lugar físico onde ocorrem os fatos. Se a ação for concentrada, com poucos fatos narrados ou quando o enredo é psicológico, haverá menos variedade de espaços. Em Noite na Taverna, muito ao contrário, tem-se uma narrativa cheia de peripécias, com grande afluência de espaços diferentes.
De início, o espaço é a própria taverna, onde o diálogo é travado. A medida que se desenvolve a trama e as histórias de cada um vão sendo contadas, temos como espaço da narrativa: o palácio, o cemitério, a igreja, a ponte e as ruas da cidade; a casa, o quarto da casa (Solfieri); a casa do pai, o jardim da casa de Ângela, a casa dela, diversos locais pelos quais viajam juntos (não especificados), o palácio do nobre, o local onde joga com o pirata Siegfried (não especificado), o rochedo de onde salta para a morte, os diversos locais citados pelo velho que interrompe o narrador (Waterloo, Bélgica, taverna em Portugal, túmulo de Dante na Itália, Grécia e outros não especificados), a corveta, o mar, a cabine do comandante (sugerida), o navio pirata, a jangada e o brigue inglês Swalow (Bertram); a casa do mestre, o quarto de Gennaro, o quarto de Laura, o quarto do casal, a cabana na montanha, a cabana dos camponeses (Gennaro); o teatro, o palácio de Eleonora, o quarto dela, as ruas da cidade, os corredores e o pátio do castelo, o carro, a estalagem, o quarto alugado, a casa do casal Claudius e Eleonora, o quarto do casal (Claudius Hermann); o bilhar, o hotel, o quarto de Artur, fora da cidade, o sobrado da amante de Artur, a escada da casa, a porta de saída, a calçada na rua, o quarto da irmã (Johann).

Ambiente
É o conjunto de espaço acrescido de suas características socioeconômicas, morais, psicológicas, em que vivem os personagens. Em resumo, ambiente é um conceito que aproxima tempo e espaço, recheados de um clima.
Em Noite na Taverna, o ambiente é macabro, projeção dos conflitos vivenciados, ele reflete o pensamento mórbido e alucinado dos personagens. Todo o clima, como o tema, é noturno: histórias que e desenrolam na calada da noite, penumbra, melancolia, fumo, álcool, depressão e, por analogia, as características morais, religiosas e psicológicas traduzem o mesmo tom: são depravados, ébrios, assassino e boêmios.

Narrador
O livro é, inicialmente, narrado em terceira pessoa, apresentando os personagens na taverna. Após essa introdução, passa a ser narrado em primeira pessoa, na qual cada personagem tece sua trama.

Conclusão
Álvares de Azevedo revolveu delicadas feridas da sociedade brasileira da época e a afrontou tabus, e com isso - assim como em diversos outros pontos - ele seguiu as pegadas de Lord Byron - em cujas obras aparecem também traços não-conformistas e anti-sociais. Em Noite na Taverna não há justiça, probidade, remorso nem compaixão. Os rapazes na taverna, enquanto contam suas aventuras, são como anjos da morte e da destruição semeando a ruína e o desastre por onde passam. Sua postura é narcisista. Apenas buscam o prazer e a satisfação dos próprios desejos.
O texto não está construído de forma a incutir susto ou medo no leitor (como seria o caso na literatura de horror ou sobrenatural), mas antes, provocar o estranhamento e a repulsa. No entanto, uma das suas qualidades é, justamente, prender a atenção, página a página, através do emaranhado das situações descritas . Sem dúvida, as noites de vícios e devassidão narradas por Álvares de Azevedo, chamaram a atenção e chocaram o público leitor da década de 1850.
Noite na Taverna apresenta um mundo que não era o de Álvares de Azevedo, nem o de sua infância em família, nem o de sua mocidade e amadurecimento. Sua biografia deixa claro o tipo de valores nos quais ele foi criado: os da sólida e tradicional família brasileira, abastada, convencional e letrada. Orgias, a crueldade, a fealdade e os vícios de seus personagens em nada correspondem à realidade ou à vida do poeta. Somente o desejo de fuga da realidade explica tal escrito em que o amor é encarado pelo autor de maneira pervertida. Na vida real, nada mais era do que filho e irmão dedicado. Os sentimentos expostos em Noite na Taverna são puramente intelectuais.
Álvares de Azevedo inscreve sua obra na tradição do romance gótico. Pode-se avaliar como provenientes do romance gótico inglês, não apenas vários dos temas de Azevedo, como incesto e assassinato entre familiares, como ainda o gosto pelos incidentes sensacionais - raptos, fugas, aventuras em rápida sucessão, etc. Provavelmente, esses são elementos que foram injetados na poética de Álvares de Azevedo não apenas através de Hoffmann (Contos Fantásticos), mas também de Byron, de quem era assíduo leitor. O poeta inglês derramou pelo mundo uma mensagem de decadência e melancolia, erotismo e depravação, rebeldia e morbidez, que afinal alcançou e estudante paulista e toda uma geração brasileira. Os valores góticos fizeram de Noite na Taverna uma coletânea de brutalidades e perversões, cujas sementes são a descrença, o cinismo e o deboche. Em Azevedo, o recurso a elementos do romance gótico significa uma revolta contra a moral burguesa e sua rigidez de costumes. É, sem dúvida, uma produção noir. Antônio Cândido assinala:
(...) marcada pelo incesto, a necrofilia, o fratricídio, o canibalismo, a traição, o assassínio - cuja função para os românticos era mostrar os abismos virtuais e as desarmonias da nossa natureza, assim como a fragilidade das convenções. Associados a isto a modo de correlativo, a noite, a tempestade, o raio, o naufrágio, o tufão - constituindo o arsenal daquele belo sublime que podia costear o horrível, como indicam algumas páginas críticas de Álvares de Azevedo.
As histórias de Noite na Taverna são carregadas de fantasia. São homens devassos que se apaixonam por mulheres perdidas ou virgens misteriosas que terminam por perder-se. A sexualidade é sempre punida com a loucura e com a morte e o amor jamais se realiza plenamente. A atmosfera das cidades é corrompida e nebulosa, povoada de figuras fantasmagóricas. A imaginação romântica de Álvares de Azevedo marca de forma exuberante os contos do livro, narrados num estilo repleto de adjetivos e reticências. Em síntese, Azevedo escreveu:
em tumulto,
sem muito senso crítico;
com traços de perversidade;
demonstrando um cansaço precoce da vida;
corporificando as várias tendências psíquicas de uma geração;
com uma viva fantasia;
apresentando características como egocentrismo, dualidade, auto-ironia, pessimismo e humor negro, ou seja, como um legítimo representante do ultra-romantismo.
Como escritor brilhante que foi e poeta original e talentoso, a qualidade de sua obra surpreende pela precocidade com que foi concebida. Seus textos refletem o ambiente de sua época, onde a literatura estava impregnada de pessimismo, ceticismo, morbidez e pressentimento da morte.

Referências Bibliográficas
AZEVEDO, Álvares de. A noite na taverna. São Paulo: Ediouro, 19--.
A noite na taverna: contos phantasticos. Pelotas: C. Pinto, 19--.
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
CÂNDIDO, A. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia,1981. v.2.
CEREJA, William R.; MAGALHÃES, Thereza. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 1995.
GANCHO, C. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 1995.
LUFT, Celso. Dicionário de literatura portuguesa e brasileira. Porto Alegre: Globo, 1979.
MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1984.
Teoria da literatura . Coimbra: Almedina, 1968.
VILLAÇA, A. Álvares de Azevedo. São Paulo: Três, 1984.
Autoria: Alice Ennes

ANÁLISE NOITE NA TAVERNA

Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo
Análise da obra

A obra foi escrita em 1878. São contos fantásticos, macabros. Numa taverna, em noite escura de tormenta, entre mundanas bêbadas e adormecidas, jovens boêmios (Solfieri, Johann, Gennaro, Bertran, Hermann e Arnold) resolvem, por desafio, contar casos verdadeiros e escabrosos que tivessem vivido. O livro compõe-se dessas narrativas, e é o que de melhor a literatura brasileira possui no gênero fantástico, que tinha em Hoffmann seu modelo e em Edgar Allan Poe um verdadeiro gênio do terror.

Movido pela imaginação exacerbada, a obra apresenta os desvarios do poeta envolvido por uma conturbação febril, na qual se deixa influenciar por quase todas as grandes características das novelas mórbidas do século XIX. Visivelmente artificiais, as narrativas que constituem o cerne desta obra recebem certa dose de magia e coerência por envolver o leitor, prender-lhe a atenção, dirigi-lo ao final. E se as história relatadas não são verossímeis, pelo menos disfarçam suas incoerências pela atração com que o autor conduz sua imaginação, de modo que quase parecem reais, colocando-as envolvidas por uma onda infindável de orgias deboches, sátiras, paixões transfiguradas, relatadas pela pequena galeria de personagens boêmios que vão tomando a palavra. Das páginas de Noite na Taverna vão surgindo relatos impregnados de um clima inumano e anormal.

Noite na Taverna é uma narrativa (novela ou conto) construída em sete partes, contendo epígrafes e os nomes de cada personagem, como subtítulos, antecedendo as narrativas, contadas em uma taverna. Há, na última parte, o entrelaçamento da história de Johann e de alguns personagens.
Mais do que pelos elementos romanescos e satânicos que a condimentam (violentação, corrupção, incesto, adultério, necrofilia, traição, antropofagia, assassinatos por vingança ou amor), a obra impõe-se pela estrutura: um narrador em terceira pessoa introduz o cenário, as personagens, a situação, e praticamente desaparece, dando lugar a outros narradores - as próprias personagens, que em primeira pessoa contam, uma a uma, episódios de suas vidas aventureiras.
Na última narrativa, a presença física (na roda dos moços) de personagens mencionadas em uma narrativa anterior faz com que todo o ambiente fantástico e irreal dos contos se legitime como verídico.

Noite na Taverna, obra escrita em tom bastante emotivo, antecipa em vários aspectos a narração da prosa moderna: a liberdade cênica, a dupla narração e suas confluências, a mistura do real ao fantástico conferem atualidade à obra, apesar de toda a atmosfera byroniana.

Primeira parte
A primeira parte constitui uma espécie de apresentação do ambiente da taverna, da roda de bebedeira, de devassidão em que se encontram os personagens, do clima notívago e vampiresco. O tom declamatório anuncia a noitada e as histórias que estão por vir.

As primeiras páginas deixam antever o clima das geração do mal do século, a irreverência incontida, a tendência a divagações literário-filosóficas, a vivência sôfrega e, principalmente, a morbidez e a lascívia.
Entre os "brados" e as taças que circulavam, são apresentados os personagens, e alguns deles tomas a palavra. Em primeira pessoa, relatam histórias pessoais. O primeiro a tomar a palavra é Solfieri que faz suas evocações, remontando-as a Roma, a "cidade do fanatismo e da perdição", onde "na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o crucifixo lívido". Certa noite, Solfieri vê um vulto de mulher. Segue-a até um cemitério; o vulto desaparece e o personagem adormece sob o frio da noite e a umidade da chuva. A visão deste vulto de uma mulher atordoou o personagem durante um ano, nada o satisfazia na troca de amores com mundanas. Uma noite, após prolongada orgia, saio vagando pelas ruas e acaba entre "as luzes de quatro círios" que iluminavam um caixão entreaberto. Lá estava a mulher que lhe provocara tantas alucinações e insônias. Era agora uma defunta. O homem tomou o cadáver em seus braços, despiu-lhe o véu e...
Mas, para disfarçar o caso de necrofilia, a mulher não estava morta, apenas sofrera um ataque e catalepsia. Ao perceber que a mulher não havia morrido, Solfieri levou-a para seu leito, contemplou-a e ela, depois de breve delírio, vaio a falecer. Solfieri mandou fazer uma estátua de cera da virgem, guardou-a em seu quarto, conservou com uma grinalda de flores.

Johann, Bertram, Archibald, Solfieri, o adormecido, Arnold e outros companheiros estão na taverna, dialogando sobre loucuras noturnas, enquanto as mulheres dormem ébrias sobre as mesas. Falam das noites passadas em embriaguez e pura orgia. Solfieri os questiona a respeito da imortalidade da alma, sendo mais velho, parece não crer nela, por isso, Archibald o censura pelo materialismo. Solfieri acredita na libertinagem, na bebida e na mulher sobre o colo do amado. Os homens só se voltam para Deus quando estão próximos da morte, Deus é, pois, a "utopia do bem absoluto".

Segunda parte - Solfieri e a Necrofilia
Solfieri decide contar sua história, conforme sugere Archibald, desejoso de histórias fantásticas, cheias de sangue e paixão. Conta, então, que uma noite, ao vagar por uma rua, em Roma, passa por uma ponte, quando as luzes dos palácios se apagam. Vê a sombra de uma mulher chorando, numa escura e solitária janela, parecendo uma estátua pálida à lua.
Ela canta mansamente, saindo para a rua, sempre seguida por Solfieri. Pela manhã, ele percebe que está em um cemitério, sem saber, ao certo, se adormeceu ou desmaiou. Sente muito frio, adoece, delira, tendo visões com a bela e pálida mulher. Retorna a Roma um ano depois, sem encontrar alento nos beijos das amantes, perseguido pela visão da mulher do cemitério. Certa noite, muito bêbado, após uma orgia, se encontra num templo muito escuro e, vendo um caixão semi-aberto, crê que a mulher está lá dentro. Arranca-lhe a mortalha, faz amor com ela, que, pela madrugada, dá sinais de vida, retornando da catalepsia para desmaiar em seguida.

Solfieri coloca sua capa sobre a moça e foge com ela. Encontra com o coveiro e depois com a patrulha, que o considera um ladrão de cadáveres. Justifica-se, apresentando a esposa desfalecida. Ao chegar em casa, a moça grita, ri e estremece, morrendo 2 dias depois. Solfieri levanta o piso do quarto para dar lugar ao túmulo, suborna, antes, um escultor que lhe faz em cera a estátua da virgem. Aguarda um ano para estátua definitiva ficar pronta.
Volta-se para Bertram, recordando-lhe a visita deste em sua casa e de a ter visto por entre véus, sendo a ela apresentado como "uma virgem que dormia". Os amigos surpresos com a história desejam saber se se trata de um conto, mas ele jura por todo mal existente que não. Como prova, mostra sob a camisa a grinalda de flores mirradas, pertencente à moça.

Terceira parte - Bertran e a Antropofagia
A seguir, Bertram, um dinamarquês ruivo, de olhos verdes, conta que, também, uma mulher, uma donzela de Cadiz, Angela, o levou à bebida e a duelar com seus três melhores amigos e a enterrá-los. Quando decide casar com ela e consegue lhe dar o primeiro beijo, recebe carta do pai, pedindo seu retorno à Dinamarca. Encontra o velho já moribundo, chora, mas por saudades de Angela. Dois anos depois, vende toda fortuna, coloca o dinheiro num banco de Hamburgo e volta para a Espanha. Encontra a moça casada e mãe de um filho. A paixão persiste e os amantes passam a se encontrar às escondidas, vivendo verdadeiras loucuras noturnas até que o marido, enciumado, descobre tudo.
Uma noite, Angela, com a mão ensangüentada, pede ao rapaz para subir até sua casa e por entre a penumbra, ele encontra o marido degolado e sobre seu peito, o filho de bruços, sangrando. Angela deseja fugir em sua companhia, saem pelo mundo, ela vestida de homem vive grandes orgias. Foge mais tarde, deixando o rapaz entregue às paixões e vícios.
Bertram bêbado e ferido é atropelado por uma carruagem, diante de um palácio, sendo socorrido por um velho fidalgo, pai de uma bela menina, que, mais tarde, foge para casar-se com Bertram. Vendida em uma mesa de jogo a Siegfried, um pirata, ela o mata e o envenena, afogando-se a seguir. De dissipação em dissipação, o rapaz resolve matar-se no mar na Itália, mas salvo por marinheiros, fica sabendo que a pessoa que o salvou acabou, acidentalmente, morta por ele. São socorridos por um navio e Bertram é aceito a bordo em troca de que combatesse se necessário.
Mas, apaixona-se pela pálida mulher do comandante e, durante uma batalha contra um navio pirata, ele o trai, fazendo amor com a mulher. O navio encalha em um banco de areia, despedaçando-se aos poucos - os náufragos agarram-se a uma jangada e, em meio à noite e à tempestade, o casal vive horas de amor. Vagam a ermo pelo mar as três figuras, sobrevivendo de bolachas e, mais tarde, tiram a sorte para ver quem morrerá. O comandante perde, clama por piedade, mas Bertram se nega ouvi-lo, prefere a luta. Mata o comandante, que serve, por dois dias, de alimento a Bertram e a mulher. Ela propõe morrerem juntos, ele aceita. O casal gasta as últimas energias se amando. A mulher, enlouquecida, começa a gargalhar, Bertram febril a sufoca. Ela é levada pelas águas, enquanto o rapaz é salvo pelo navio inglês, Swallow.

Quarta parte - Gennaro e a Traição das Traições
A próxima história é a de Gennaro. Sua narrativa é sobre um velho pintor, Godofredo Walsh, casado com uma jovem de 20 anos, Nauza, que lhe serve de modelo e é amada como a filha do primeiro casamento, Laura, garota de 15 anos. Gennaro, aos 18 anos, é aprendiz de pintor e aluno de Godofredo. Vive na casa do mestre como um filho, recebendo, no corredor, antes de dormir, beijos de Laura. Um dia, desperta e a encontra em sua cama, perdendo a cabeça diante da estonteante beleza da virgem. A cena se repete ao longo de 3 meses, quando a menina lhe diz que deve pedi-la em casamento, porque espera um filho. O moço nada responde, ela desmaia e se afasta, tornando-se cada dia mais pálida.
O pintor definha com a tristeza da filha, passeia pelos corredores à noite e deixa de pintar. Uma noite, Gennaro é chamado, porque Laura está morrendo e murmura seu nome. O moço aproxima-se e, ela, sussurrando-lhe ao ouvido o perdão, diz que matou o filho e dá o último suspiro. O velho passa o ano endoidecido, chora todas as noites no quarto da morta, arfando ou afogando-se em soluços.

Enquanto isso, o rapaz e Nauza amam-se em seu leito. Uma noite, o velho o arranca da cama e o leva até o dormitório de Laura. Levanta o lençol que cobre um painel, descortinando a imagem moribunda de Laura, que murmura algo no ouvido do cadavérico Gennaro. Atordoado, o aprendiz confessa tudo a Godofredo.
No dia seguinte, o velho se comporta naturalmente, sem mencionar o ocorrido, lamenta apenas a falta da moça. Sonâmbulo, repete a mesma cena ao longo de várias noites e, numa delas, Nauza é testemunha. Uma noite de outono, após a ceia, Walsh convida Gennaro para um passeio fora da cidade. Após contornar um despenhadeiro, pede ao rapaz para esperá-lo, dirigindo-se a uma cabana de onde sai uma mulher. Depois, junta-se a Gennaro e ao chegar à beira de um penhasco, descreve a traição, envolvendo a filha e a esposa.
Pede ao rapaz para jogar-se precipício abaixo. Gennaro assim o faz, mas, após uma noite de delírios, acorda salvo por camponeses, em uma cabana. Decide retornar à casa de Walsh e pedir-lhe perdão, entretanto encontra pelo caminho o punhal do pintor. Decide vingar-se, mas encontra Nauza e Godofredo envenenados e apodrecidos, talvez, com o veneno obtido com a mulher da cabana.

Quinta parte - Claudius Hermann e a Paixão de Morte
Claudius Hermann, após preâmbulos em que discursa com os amigos de orgia acerca de diversos temas, expõe sua história, onde narra suas loucuras e orgias e de como desperdiçou uma fortuna no turfe, em Londres, onde vê uma bela amazonas, a duquesa Eleonora, esposa do duque Maffio. Antes de prosseguir com a história, Bertram indaga sobre a poesia, descrita como um punhado de sons e palavras vãs, enquanto Claudius a considera um prazer extremado, o que há de belo na natureza. Os colegas os interrompem, pedindo ao narrador que retome a história.
No dia em que avista a bela duquesa, Hermann dobra sua fortuna e, à noite, no teatro, a vê, mais uma vez. Ao longo de 6 meses, encontra a senhora em bailes e teatros até que decide comprar de um criado a chave do castelo. Entra, sorrateiramente, quando ela já está adormecida e coloca-lhe nos lábios narcótico. Aguarda que durma profundamente e, então, a possui, repetindo o fato, noite após noite, durante um mês.
Certa vez, após um baile, entra no quarto de Eleonora e vendo um copo com água junto à sua cabeceira, derrama nele o narcótico. Entram a duquesa e o duque que, antes de sair do quarto, prometendo-lhe retornar, bebe um pouco do líquido, seguido por ela. Claudius sabe que Maffio não virá ao quarto e que Eleanora dormirá profundamente.
Ergue-a do leito e foge com ela numa carruagem, chegando, ao meio-dia, a uma estalagem. Mais tarde, a duquesa desperta e surpresa por não estar em seu palácio, grita por socorro, desespera-se, ameaçando jogar-se pela janela. O rapaz lhe declara profundo amor e lhe descreve o rapto, dando-lhe duas horas para pensar se fica ou não com ele. Inconformada a princípio, decide aceitar o amor oferecido, pois a família e amigos, certamente, não a aceitariam mais.
Ao retornar, Claudius a encontra debruçada sobre um de seus versos. Interrompe a narrativa, retira um papel do bolso, mostrando o verso aos colegas. Conta que Eleonora lhe respondeu que ficava, mas caiu desmaiada.Dito isso, o rapaz tomba por sobre a mesa, calando-se. Archibald o sacode, implora para que desperte. Solfieri e os companheiros desejam saber sobre a duquesa, mas o rapaz está confuso, não se recorda de mais nada.Ouvem a gargalhada do louro Arnold que despertando, dá continuidade ao relato, dizendo que um dia Claudius entrou em casa e encontrou sobre a cama ensopada de sangue dois cadáveres; o Duque de Maffio matou Eleonora e enlouquecido, suicidou-se em seguida. Arnold estende a capa no chão e volta a dormir.

Sexta parte - Johann e o Incesto
Johann decide contar sua história. Está em um bilhar em Paris, jogando com Artur que, numa jogada definitiva para Johann, se encosta à mesa, por descuido ou de propósito. A mesa estremece e Johann é levado à derrota. O perdedor, enlouquecido de raiva, desafia o parceiro para um duelo. Antes porém, Artur pede ao adversário que, caso morra, entregue a carta, que está em seu bolso, e o anel no seu dedo, para uma mulher que dirá, mais tarde quem é.
Saem com duas pistolas, uma carregada, a outra não; Artur é alvejado e morre, apontando para o bolso. Johann tira-lhe o anel, colocando-o em seu dedo e, a seguir, encontra dois papéis no bolso do morto: uma carta para a mãe, e outra indicando o horário e endereço para um encontro. O rapaz decide tomar o lugar de Artur. Descobre que aí mora a virgem namorada do rival que acaba na cama com Johann, num quarto escuro.
De repente, interrompe a narrativa, enche o copo e o bebe com estremecimento. Prossegue, narrando que ao sair do quarto, encontra um vulto à porta, cuja voz lhe soa familiar. É atacado com uma faca, luta ferozmente com o vulto; um homem desconhecido, que deixa cair o punhal, morrendo sufocado pela mão de Johann. Ao se retirar, tropeça numa lanterna e decide ver o rosto do estranho, estremece, a luz da lanterna se apaga. Vai arrastando o corpo até um lampião e, para sua surpresa, descobre tratar-se de seu irmão. Louco de terror retorna ao quarto, mas, outra vez, interrompe a narrativa, bebe mais um copo. Diz que encontrando a donzela desmaiada, a levou para a janela e percebeu que estava com a irmã nos braços.

Última parte - O Último Beijo de Amor
Com Último beijo de amor, Álvares de Azevedo fecha a obra Noite na Taverna. Ao contrário dos outros, traz a narrativa em 3ª pessoa.

É noite alta na taverna, todos dormem. Entra uma mulher pálida, vestida de negro, procurando alguém com uma lanterna na mão. Vê Arnold, tenta beijá-lo, mas o deixa em paz, voltando-se para Johann, tornando-se, subitamente, sombria. Traz, além da lanterna, um punhal, que crava no pescoço deste último, enxugando as mãos ensangüentadas no cabelo do ferido. Vai até Arnold e o desperta. Ele a reconhece; é a irmã de Johann, agora transformada na prostituta Giorgia, a quem Arnold pede que lhe chame de Artur, como outrora.
O rapaz recorda-se do duelo, do tempo passado no hospital para se recuperar, o desespero e a vida de devassidão a que se entregou por não encontrar mais Giorgia. Deseja ficar junto dela agora, mas a moça acha que é tarde demais, pede-lhe apenas um beijo de despedida, porque vai morrer. Leva Arnold até o corpo de Johann, dizendo que o matou por ter sido por ele desonrada, a ela que era sua irmã. Arnold horrorizado cobre o rosto, enquanto Giorgia cai ao chão. Arnold aperta o punhal contra o peito e cai sobre ela, sufocando os dois gemidos de morte. A lâmpada apaga-se.